quinta-feira, 21 de julho de 2016

la rose n'a pas pourquoi - A VIDA É INÚTIL

            
"A rosa não tem porquê. Floresce porque floresce. Não cuida de si mesma. Nem pergunta se alguém a vê...".
__Angelus Silesius


            
           Não existe uma utilidade para a rosa, a obra do poeta acima é de uma reflexão sofisticadíssima; Dado a rosa o cientista pode constatar sua materialidade, sua funcionalidade no meio ambiente e todas as suas outras características, porém o que a rosa está fazendo ai na sua frente é um mistério, não é coisa para ciência, o porque da rosa é feito da mesma matéria que se compõem os sonhos.

Aquela fração de segundo ao ver seu colega no centro da cidade pode ser entendida como o encantamento com o SER, porque no próximo segundo você vai querer enquadrar esse encontro na utilidade tediosa mais próxima, no instante seguinte você se perguntará, onde estará indo seu colega? Está casado? Ou o que fez hoje? Ou seja, o outro tem um papel na sua vida, o outro você classifica como quiser, mas aquele instante quando você sorriu ao ver seu colega, é a rosa, aquele instante é a fórmula: “obrigada por existir.”

A vida é um enorme distanciamento do ser, quando reflito sobre mim, me distancio em passos largos do meu ser, quando digo: “nossa, eu estou comendo demais” eu nego a minha liberdade e atribuo uma causa útil a minha ação, essa cadeia de utilidades me angustia, me entristece pois não tem uma utilidade final, todos morreremos, sou um completo inútil no melhor sentido da palavra, e se me perguntar o que temos que fazer para a vida ser boa eu responderei igual ao sábio Sileno: a única solução da existência é não ter nascido, já que nasceu espere o fim da existência, quando o fim do sofrimento desaparecerá.

Danilo Pedrosa

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